sábado, 23 de junho de 2007

BANDA: WILCO
Canção: You Are My Face
site:
www.wilcoworld.net

Já que eu citei a banda Wilco no post anterior, vale escrever algo sobre ela, uma das melhores de rock na ativa. Essa banda norte-americana nasceu das cinzas do “Uncle Tupelo” (banda de country rock, que durou de 1987 a 1994) e que ao longo dos seus 7 álbuns experimentou e reexperimentou country, psicodelia, soul, R&B, pop dos ´70. Assim, o grupo sempre esteve - veloz - na contramão do lugar comum, ainda que fazendo um som, acreditem, extremamente simples. Pode-se definir sua sonoridade como um folk rock com pitadas de rock clássico dos anos 70. Som calmo, agradável, que não há como não gostar e sair assobiando as melodias. Apenas como informação: o penúltimo disco da banda, “A Ghost is Born”, ganhou o Grammy de melhor disco alternativo em 2005. Não que isso signifique muito já que tem cada coisa que obtém esse prêmio... mas enfim, é um grupo que já teve seu reconhecimento atestado, e um premiozinho nunca é demais. E para a felicidade de uma legião de fãs que curte o som do grupo, acaba de sair “Sky Blue Sky” que consegue ser melhor que o anterior. Caso não tenha tempo de dar uma visitada na discografia completa do grupo, deixo essa coletânea abaixo. Caso seu tempo seja ainda mais curto, vá, de cara, em “Sky Blue Sky” e confirme – ou não – o que eu acabei de escrever.

Cantor: Billy Bragg
Canção: It Says Here
Site:
http://www.billybragg.co.uk/

Antes de falar sobre Billy Bragg, tem-se que trazer à baila a figura de Woody Guthrie, considerado como um dos nomes mais importantes em toda a história da cultura popular norte-americana. Criador da country-music moderna, ele funcionava como a voz das minorias sociais, ou seja, daqueles que não conseguiam expressar suas idéias, desejos, necessidades, reivindicações, ou conseguiam, em menor grau, como os negros, os marginais, os operários etc. Peregrinando de cidade em cidade com o violão às costas (no qual podia se ler em letras garrafais "Esta máquina mata fascistas"), Woody Guthrie, que morreu em 1967, viveu de maneira simples, acreditando que a música podia mudar o mundo. E pra quê falar de Woody Guthrie, se o artista em questão é Billy Bragg? Exatamente porque aquele sempre foi seu maior ídolo, e Billy Bragg se espelhou – e se espelha – na mesma proposta de Woody. Nascido em Essex, na Inglaterra, em 1957, Billy começou tocando em um grupo punk chamado Riff Raff. Bastou pouco tempo para que ele se lançasse em carreira solo unindo a raiva do punk rock com a conscientização política e social de tradição folk, como a executada por Bob Dylan (também seguidor de Woody Guthrie). Dono de um carregado sotaque britânico (como fica claro na canção indicada), esse violeiro inglês também encontra espaço em suas letras para falar sobre sentimentos/emoções humanas. Executando o que se convencionou denominar de música de protesto, Billy participou e participa de greves, de ações pró-trabalhadores, de ações beneficentes etc., buscando despertar uma maior conscientização política e social por parte daqueles que o ouvem. Deixando a questão política de lado, para se ter uma idéia do quanto o cara é um baita músico, ele trabalhou, para citar apenas alguns, com Smiths, Wilco e R.E.M. Além disso várias bandas já fizeram homenagens às suas canções. E mais ainda: ele recebeu da família de Woody Guthrie (seu maior ídolo) uma batelada de letras não musicadas. Reunido com a banda Wilco, ele musicou e gravou essas canções, registradas nos álbuns Mermaid Avenue – vol. 1 e 2, de 1998 e 2000, respectivamente. Vale – e muito – a pena incursionar pelas cativantes canções desse cara.

sábado, 16 de junho de 2007


Não se trata aqui de fazer jabá para a Revista Bizz, mas foi graças a ela que, na minha adolescência, tomei contato com uma porção de grupos bacanas como R.E.M., Jesus and Mary Chain, The Smiths, The Cult, Siouxsie and the Banshees, Dead Kennedys, Picassos Falsos, Fellini, Violeta de Outono, entre tantos e tantos e tantos outros. O mesmo seu deu com o De Falla. Sempre fui (e ainda sou) leitor da revista, porém, na segunda metade dos 1980 não havia as possibilidades infinitas que uma ferramenta como a internet permite, hoje, para que aficcionados por música, como eu, tentem, minimamente, se atualizar em termos de bandas e gêneros musicais. O que havia, caso você quisesse algo que fugisse do mainstream, eram o programa “Som Pop” da TV Cultura, uma ou outra crítica de jornal e a Bizz. A primeira vez em que li algo sobre o De Falla foi na edição de fevereiro de 1988, que apresentava como reportagem principal o “Prêmio Bizz – Melhores de 1987”. O álbum “De Falla” e a canção “Não Me Mande Flores” estava nas listas da quase totalidade dos críticos que, então, elegeram os melhores do ano anterior. Claro que aquilo aguçou minha curiosidade, afinal vários daqueles críticos já haviam destacado, ao longo de mais de dois anos na Bizz, uma porção de bandas que acabou fazendo parte da minha discoteca. E por que em relação ao De Falla seria diferente? O fato é que não demorou muito para eu conseguir encontrar o tal álbum em uma excelente loja de vinil que havia em Araraquara (cidade que cresci e vivi até os 30 e poucos anos) chamada Chanton (essa loja também foi muito importante para a minha iniciação em termos de boa música), e que, hoje, óbvio, não existe mais. De posse do álbum, que tem uma capa estranha e bacana, e que também por isso anunciava que dali poderia sair muita coisa boa (ou você nunca comprou um disco pela capa?) e uma contra-capa tão bacana quanto à capa, fui direto na tal “Não Me Mande Flores”, anunciada em verso e prosa como uma das melhores canções de 1987. Amor à primeira audição. Um cara, de saco cheio de uma fulana, quase que implora para ela largar do seu pé “Não me mande flores/Pare de bater no interfone/ Eu não preciso do seu amor/ Pare de me torturar, não ouse me ligar/Eu não preciso do seu amor”. E como se não bastasse, berra, várias vezes, em português errado, mas devidamente licenciado poeticamente, “Eu não amo você”, isso tudo regado à uma deliciosa guitarra e uma intensa bateria. Essa canção é apenas uma amostra do que é o disco “De Falla”. Remando contra a maré da obviedade que, como sempre, invadia as rádios e emissoras de tv, o De Falla construiu um álbum que se configurou para a época algo tão improvável quanto uma cópula entre Jason e Mary Poppins. O disco é uma metralhadora giratória atirando – e bem – para tudo quanto é lado: rock, punk, hard-rock, heavy metal, hip hop, funk, noise e alguns eteceteras. Repleto de microfonias, vinhetas, ruídos estranhos e tendo por base letras ora desprovidas de coerência ora extremamente lógicas, o álbum começa com o rock swingado de “Ferida” (“Ai como dói a faca que me rasga o peito”) e “O Qué Icho”. Ainda são do lado A três das melhores canções, não só da banda, mas do rock nacional: a devassa “Sodomia”, a já citada “Não Me Mande Flores” e a “joydivisioana” “Idéias Primais”. O lado B começa com o pop rock depressivo “Sobre Amanhã”, canção que muita banda da época gostaria de ter feito. Na seqüência vem “Alguma Coisa”, uma mistura de Sonic Youth com D. Juan de Marco (Você sabe que seu corpo é minha terapia particular/Não importam as posições e muito menos as condições). Duas outras canções que também merecem destaque do lado B são “I Am An Universe” e “Tinha Um Guarda na Porta”. Para terminar, alguns registros que se fazem necessários: 1) O disco seguinte, de 1988, que, tal qual o primeiro, é homônimo, faz-se tão essencial quanto o anterior; 2) Em 1996, a BMG Ariola lançou em cd uma compilação com as músicas dos dois primeiros discos da banda; 3) A formação original figurou apenas nos dois primeiros discos; 4) Há muitos outros álbuns gravados pela banda (que ainda está na ativa) com outras formações, mas longe de serem representativos como o primeiro o foi; 5) De Falla, a banda, foi um grupo de rock de origem gaúcha formada em 1984 que possuía em sua formação original Edu K. (voz, guitarra, órgão, scratch), Biba Meira (bateria), Flávio Santos (baixo) e Castor Daudt (guitarra), sendo uma das mais influentes do rock brazuca, muito embora sem o reconhecimento devido; 6) “De Falla”, o álbum, é um petardo sonoro para ser ouvido alto, e por várias e várias vezes, já que há nele um sem número de minúcias à espera de uma audição mais acurada; 7) “De Falla”, o álbum, deveria ser tratado como objeto de culto por parte dos apaixonados pelo bom e velho rock´n´roll. Quem sabe um dia o seja.
"De Falla" - BMG Ariola - Selo Plug - 1987
Lado A
01-Ferida
02-O Qué Icho
03-Sodomia
04-Papapapaparty
05-Grampo
06-Não Me Mande Flores
07-Idéias Primais
Lado B
01-Sobre Amanhã
02-Alguma Coisa
03-Melô do Rust James
04-Jo Jo
05-I´m Am An Universe
06-Tinha Um Guarda na Porta
07-Trash Man
08-Gandaia

Banda: Explosions in the Sky
Música: First Breath After Coma
Site: http://www.explosionsinthesky.com/


Banda texana formada por Michael James (baixo), Mark Smith (guitarra), Munaf Rayani (baixo) e Chris Hrasky (bateria), que começou em 1999, e se qualificou (ou foi qualificada) como um dos principais representantes do que se convencionou chamar de pós-rock, que nada mais é do que uma fusão de uma sonoridade puramente roqueira com outras configurações musicais como a eletrônica, o clássico, o jazz etc, sem se preocupar muito com o formato da canção. No caso do EITS, a sua pegada é mais “rocker”, já que o som progressivo norteia a subversão sonora executada com maestria pela banda. Contando com seis álbuns (2000 - How Strange, Innocence, 2002 - Those Who Tell the Truth Shall Die, Those Who Tell the Truth Shall Live Forever, 2003 - Earth Is Not a Cold Dead Place (obra-prima), 2004 - Friday Night Lights, 2005 - The Rescue, 2007 - All of I Sudden I Miss Everyone), o grupo produz um som encorpado que varia, dicotômico, como um planeta dividido ao meio, metade claro, metade escuro. Porém, no caso do EITS a dicotomia oscila entre melancolia e desespero, serenidade e fúria, delicadeza e rudeza, céu e inferno. É exatamente essa oscilação (exuberantemente bem dosada), quando o som, antes contido, torna-se desenfreado, que faz com que a banda se eleve à qualidade de sublime. Confira isso no clipe abaixo, “Yasmim the Light” e caso queiram ir além, deixo a sugestão de uma coletânea.


quinta-feira, 7 de junho de 2007


Banda: BellRays
Música: Voodoo Train
Site: http://www.thebellrays.com/


O rótulo mais usado pelos críticos para definir a sonoridade dessa banda é Rock´n´Soul. Porém, o BellRays vai muito além. Conduzido pela voz potente de Lisa Kekaula, que é comparada pela crítica com Tina Turner (na verdade acho que está mais para Aretha Franklin), o grupo mistura punk com soul, blues com punk, rock com soul e por aí vai. Algo como um MC5 com vocal soul! É perfeito! Formada por Lisa Kekaula (vocal), Bob Vennum (baixo), Tony Fate (guitarra) e Ray Chin (bateria), a banda, originária de Los Angeles, na ativa desde o começo dos 1990, conta com uma discografia de 5 álbuns, todos urgentes!!! Não perca de jeito nenhum! Abaixo deixo um vídeo para vocês terem uma idéia da sonoridade do grupo.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Banda: Clinic
Música: Harmony

Banda de Liverpool, de som e características extremamente singulares, que já conta com 5 cds gravados. Uma das bandas preferidas do também singular Thom Yorke, que, há tempos atrás, a convidou para abrir alguns shows do Radiohead. Para se ter uma idéia da sua singularidade, o grupo é composto por quatro caras que se apresentam usando máscaras cirúrgicas e fazem uma mistura de leves sons eletrônicos (feitos e abusados maravilhosamente por um teclado especial chamado escaleta, na verdade uma flauta com teclas) com guitarras, produzindo um som de certa forma angustiante e hipnótico, mas que às vezes se torna acelerado ou (re)confortante. Vez ou outra se pode pinçar aqui e ali uma linha de baixo da melhor qualidade e alguma coisa que soa como um sax, mas que na verdade é um teclado emulando um sax. Uma vez assimilada tal sonoridade, você vai saber, quando ouvir de uma outra vez, que se trata do Clinic. Ninguém faz nada parecido. Seguem, abaixo, uma sugestão de coletânea para vocês se iniciarem no som do grupo e o clipe da canção “Come Into Our Room”.

terça-feira, 5 de junho de 2007



CD 1

01 - Elvis Presley - A Little Less Conversation (JXL Radio Edit Remix)
02 - Sepultura - Bullet the Blue Sky
03 - Jon Spencer Blues Explosion - She Said
04 - Tom Waits - A Sweet Little Bullet
05 - Lovage - Anger Management
06 - TSOL - How Do
07 - 59 Times - Sweet and Tender Hooligan
08 - Mad Season - Long Gone Day
09 - 13 Sentenced - Creep
10 - Bjork - All is Full of Love
11 - Johnny Maar and the Healers - Last Ride
12 - Morrisey - You're Gonna Need Someone on Your Side
13 - Starsailor - The Way Young Lovers Do
14 - Queen of the Stone Age - God Is On The Radio
15 - The Cramps - Goo Goo Muck
16 - David Bowie - Wild is the Wind
17 - R.E.M. - Leave

CD 2

01 - Moby with New Order - New Dawn Fades
02 - Joe Strummer - Dum Dum Club
03 - Beatles - Tomorrow Never Knows
04 - Violent Femmes - No Killing
05 - Korn - Freak on Leash
06 - The Strokes - Hard to Explain
07 - Eels - Hospital Food
08 - Polyfhonic Sprees - Call Your Father
09 - Miranda Sex Garden - Exit Music (For A Film)
10 - Robert Plant - One More Cup Of Coffee
11 - Tito & Tarantula - Smilin' Karen
12 - Metalica - Poor Twisted Me
13 - Nick Cave - Where Do We Go Now But Nowhere
14 - Pixies - U-Mass
15 - Morphine - French Fries with Pepper
16 - Pulp - The Fear
17 - Massive Attack Featuring Sinead O'Connor - Angel

Banda: Lightning Bolt
Música: On Fire
Site:
http://laserbeast.com/

Caso você se julgue um legítimo apreciador do rock and roll, há a necessidade - urgente - de você conhecer e se afundar na sonoridade do Lightning Bolt. Adianto que não se trata de um som facilmente digerível. Na verdade, os timbres criados por essa banda encontram-se longe, muito longe disso. Para ser o mais claro possível: trata-se de uma dupla americana que faz um som intenso, tenso, atroz, explosivo, acelerado, que te engole por completo e não deixa espaço para mais nada em seu cérebro. E o mais singular, os responsáveis por uma sonoridade dessa são APENAS dois caras, ou melhor dois “Brians”: o Chippendale e o Gibson. O primeiro “toca” bateria (na verdade ele destrói a bateria) e canta (na maioria das vezes, coisas ininteligíveis), e o segundo “toca” baixo (ou melhor, ele extrai desse instrumento sonoridades que eu jamais pensei que pudessem sair de um baixo, basta que se ouça a introdução da música indicada. E podem acreditar: aquilo tudo sai apenas do baixo). Não é metal. Não é rock pauleira. Não é trash. Nada disso. Embora seja algo complicado de se rotular, pode-se dizer que o som da banda fica próximo de um post-rock experimental. É algo original, visceral, inesperado. É algo para se ouvir alto, muito alto. Não sei que tipo de som se toca no inferno, mas deve ser algo próximo disso. Ou melhor: essa dupla deve ter, na verdade, composto a trilha sonora de lá. Não perca!!! Deixo como sugestão o clipe da música “Two Towers” e uma sugestão de coletânea.