quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Pelo visto o Ira! (infelizmente) já era...

UOL - 11/09/2007 - 21h26

Após briga com irmão-empresário, Nasi diz que é "insustentável" ficar no Ira!

GUSTAVO MARTINS
Colaboração para o UOL

O vocalista Nasi, do grupo de rock paulistano Ira!, declarou nesta terça-feira (11) que "não há mais condições psicológicas de continuar na banda". Falando ao UOL por telefone, ao lado de seu advogado, o músico afirmou que a situação do grupo se tornou "insustentável" após o empresário da banda, Airton Valadão Rodolfo Júnior, que é também irmão de Nasi, tê-lo agredido na casa do cantor, armado de uma faca, na manhã do último sábado (8).A agressão teria ocorrido porque Nasi pediu ao empresário a prestação de contas de todos os shows do o Ira! desde o lançamento do disco "Acústico MTV", em 2004 - cerca de 250 apresentações, de acordo com o cantor. Não atendido, Nasi teria se recusado a participar do show da banda em Campestre (MG) realizado no sábado passado, o que teria provocado a atitude Airton Júnior. Ainda segundo a versão de Nasi, após ter invadido sua casa, o empresário se dirigiu por volta das 18h ao 51º Distrito Policial de São Paulo para registrar um boletim de ocorrência na condição de vítima, acusando o vocalista de tê-lo agredido sob efeito de entorpecentes.Na segunda-feira (10), Nasi também registrou um boletim de ocorrência na mesma delegacia. O advogado e o cantor afirmam ter provas materiais e testemunhas para sustentar todas as acusações contra Airton Júnior, inclusive gravações telefônicas do empresário pedindo perdão.A Agência Produtora, que empresaria os shows do Ira! e tem como sócios Airton Valadão e seu advogado, confirma que houve uma altercação entre o empresário e Nasi, mas afirmou em nota que "é lamentável que determinadas situações tenham tomado tamanha proporção e desvios de sua integridade e veracidade". Por meio de sua assessoria, a empresa afirma que não vai se manifestar novamente sobre a situação, mas que tem documentos para sua defesa em uma eventual disputa judicial.A tensão entre Nasi e a banda aumentou após o guitarrista Edgard Scandurra ter dito ao microfone, no início do show de sábado, que Nasi não poderia comparecer por ter "passado mal e estar hospitalizado". O advogado de Nasi, Octavio César Ramos, divulgou uma nota de repúdio à afirmação, que considerou "caluniosa". "Eu simplesmente não quis expor a situação [do que teria acontecido com Nasi] na frente do público", afirma o guitarrista, que se recusou a fazer outros comentários.Nasi também acusa o irmão e empresário de ter registrado para si o nome "Ira!" sem seu consentimento, motivo pelo qual vai entrar com uma ação civil contra a Agência Produtora, além dos citados processos referentes à prestação de contas de shows à suposta agressão. De acordo com o advogado Octavio Ramos, as notificações serão entregues amanhã. A Agência Produtora não quis comentar.O vocalista não poupou os outros integrantes da banda, que segundo ele eram "coniventes" com Airton Júnior. "Apenas o [Ricardo] Gaspa estava de fora, ele foi induzido ao erro, mas também pediu a prestação de contas", afirmou Nasi. Em entrevista à revista "Flash" que chega às bancas nesta quarta-feira (12), o cantor chama Edgard Scandurra de um "canalha" que "vive agindo como uma Greta Garbo, exercitando seu poder para intimidar os outros", e seu irmão de "lixo humano". "A verdade é uma só: eu tentei pedir um ano de férias para que a banda sobrevivesse, mas o [Airton] Júnior me isolou na banda, colocando um músico contra o outro. Foi a mesma coisa que aconteceu com os Raimundos, que não por acaso eram empresariados pelo Júnior na época", disse Nasi ao telefone.O vocalista descarta qualquer possibilidade de voltar ao Ira! enquanto Airton Júnior for o empresário. A Agência Produtora, por sua vez, afirma que pretende reunir seus sócios e os músicos para decidir o futuro do grupo, "tão logo for possível". Sobre a possibilidade de a banda continuar sem seu cantor, Nasi afirma: "Agora que eu descobri que registraram o nome do Ira! sem meu consentimento, vou tomar as medidas legais para que isso não aconteça".

sábado, 1 de setembro de 2007


A formação original do Camisa de Vênus contava com Marcelo Nova (voz e guitarra), Gustavo Mullen (guitarra), Karl Hummel (guitarra), Robério Santana (baixo) e Aldo Machado (bateria). Vez por outra a banda se reúne, grava um álbum, se desmancha, e aí volta de novo, mas nunca mais com essa formação original, que rendeu 5 excelentes álbuns de rock and roll, a saber: Camisa de Vênus (1983), Batalhões de Estranhos (1984), Viva (1986), Correndo o Risco (1986) e Duplo Sentido (1987). Dentre esses, destaco Viva!, o terceiro - e essencial - disco dessa banda baiana, surgida em disco, em 1983, com o lp Camisa de Vênus. Ali já se podia notar a influência das bandas de hard rock dos anos 1970, bem como do rock “inocente” de Elvis Presley e Chuck Berry. Nesse álbum também já emergia o que seria uma marca registrada do grupo: as letras ácidas que criticavam os costumes pasteurizados da sociedade brasileira. A banda “estourou” nacionalmente em 1984 com o hit “Eu não matei Joana D’arc”, do lp Batalhão de Estranhos. A partir daí, o país ficou conhecendo o recado – invariavelmente explícito – de uma banda que ia na contramão da sonoridade baiana “exportada” naquele momento. Porém, em relação ao que interessa aqui, ou seja, o álbum Viva, há alguns aspectos curiosos que devem ser destacados: Gravado em 1986, no Caiçara Music Hall, em Santos, S.P., ele não foi mixado (prática incomum em discos ao vivo). O que se ouve é o que aconteceu, realmente. Assim, as letras desbocadas, os deboches, os palavrões emitidos pela platéia e pela banda estão ali, sem cortes. Tanto assim, que o encarte continha o aviso: “Este disco não foi remixado. Você ouve o que aconteceu no show. E OUÇA ALTO”. O álbum é composto por 10 faixas, com canções dos dois primeiros discos da banda, como “Eu não matei Joana D´Arc”, “Hoje”, “Bete Morreu”, e mais canções que eles jamais haviam gravado ou gravariam em lugar nenhum posteriormente como “Homem Forte”, “Solução Final” e “Rotina”. Ou seja, há músicas que só foram registradas naquele disco. O espírito punk rock impera ali em todas as faixas. E ao vivo! Destaco 3 faixas, urgentes para seus ouvidos: a impagável “Sílvia”, a versão sacana-tupiniquim para “My Way” e “O Adventista”, que fecha o disco, com Marcelo Nova rezando o Pai-Nosso ao final da canção. Mais punk, impossível. Com certeza, um dos discos - ainda na época do vinil - que eu mais ouvi na minha vida. Item urgente encontrado nas boas casas do ramo. Não percam de jeito nenhum. Rock and roll honesto, sincero e “sujo”. O que mais se pode querer?

"Viva" – RGE – 1986
Lado A
01 – Eu Não Matei Joana D´ARc
02 – Hoje
03 – Homem Forte
04 – Solução Final
05 - Rotina
Lado B
01 – My Way
02 – Beth Morreu
03 – Sílvia
04 – Metástase
05 – O Adventista