sábado, 28 de abril de 2007


Krig-Ha, Bandolo! (grito de guerra de Tarzan, que quer dizer: Cuidado, aí vem o inimigo!) foi a primeira incursão solo de Raul Seixas em disco. Antes, o roqueiro bahiano havia gravado, em 1968, o lp Raulzito e Os Panteras, e, em 1971, aproveitando uma viagem do presidente de sua gravadora, a CBS, gravou o lp Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez, ao lado de Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star, o que lhe valeu a expulsão da CBS. Krig-Ha, Bandolo! nasceu clássico. Ali está contido o supra-sumo do rock "Rauliano". O disco abre com uma pequena introdução, na verdade uma gravação de Raul Seixas, aos nove anos, cantando trechos de rockabillys clássicos. A primeira canção do disco é Mosca na Sopa (uma das canções preferidas de Raul), já apontando o misto de guitarras e elementos da música nordestina, que embasaria boa parte de sua discografia. A letra, um recado escrachado, deixava claro qual seria sua intenção: a de ir na contra-mão, fugir da mesmice, enfrentar, contestar, coisa que ele soube fazer como ninguém através de suas canções. Na seqüência, uma das mais emblemáticas canções de Raul: Metamorfose Ambulante, que reforçava o que havia começado expor na canção anterior, escancarando a todos que, sem dúvida alguma, Raul Seixas não era um sujeito reto, óbvio, preciso, mas sim que se encontrava em constante estado de mutação, principalmente no que se referia à música. A terceira canção do álbum é Dentadura Postiça (uma das minhas canções preferidas), um delicioso e descompromissado country rock. Em seguida vêm, na seqüência, As Minas do Rei Salomão, outro delicioso country rock, A Hora do Trem Passar, uma balada de menos de dois minutos, com uma letra e textura de arrepiar (uma das mais belas canções de sua discografia), Al Capone, rock roll em estado puro!!!, How Coud I Know, outra belíssima balada cantada toda em inglês e costurada por um emocionante piano. Além de tudo isso, ainda há mais três sensacionais canções, que fecham o álbum. Rockixe, que com sua introdução matadora e o naipe de metais nos mostra como é que se faz um rock, Cachorro Urubu, um folk rock de primeira, com uma letra bem legal, e para fechar Ouro de Tolo, a ácida crítica consumista à classe média-alta, que embora escrita no começo dos anos 70, cai como uma luva nessa época de globalização/neoliberalismo, demonstrando que o que vale é trabalhar, competir, consumir. Enfim, não há muito o que se escrever sobre essa obra-prima do rock nacional nem mesmo sobre Raul Seixas, o maior rocker brasileiro. O que nos resta é ouvir o álbum. Boa audição!!!
Krig-Ha, Bandolo! 1973/ Philips/Phonogram

Introdução ( Raul aos 9 anos)
01- Mosca na Sopa - (Raul Seixas)
02- Metamorfose Ambulante - (Raul Seixas)
03- Dentadura Postiça - (Raul Seixas)
04- As Minas do Rei Salomão - (Raul Seixas/ Paulo Coelho)
05- A Hora do Trem Passar - (Raul Seixas/ Paulo Coelho)
06- Al Capone - (Raul Seixas/ Paulo Coelho)
07- How Could I Know - (Raul Seixas)
08- Rockixe - (Raul Seixas/ Paulo Coelho)
09- Cachorro Urubu - (Raul Seixas/ Paulo Coelho)
10- Ouro de Tolo - (Raul Seixas)

sábado, 21 de abril de 2007

Banda: Messer Chups
Canção: Fantomasofobia
Site:
http://www.messerchups.ru/

Não se sabe de onde esses figuras (na verdade uma dupla) vêm, se da Alemanha, da Rússia, da Hungria ou de outro lugar. Também não importa. O que vale, na verdade, é que eles fazem uma deliciosa sonoridade jogando no mesmo caldeirão surf rock, rockabilly, áudios de filmes trash, um teremim e outras coisas estranhas. O resultado, conduzido pelo multi-instrumentista Oleg Gitarkin e por Annette Schneider, é uma singular doideira sonora que garante bons minutos de diversão. Para vocês terem uma idéia do que se passa na cabeça dos dois, entre no site. Diversão garantida!!! Fiquem com o clipe da canção "Go Satan Go" (na melhor linha de filmes trash) e com uma sugestão de coletânea.


Banda: Detroit Cobras
Canção: I Wanna Holler (but the town’s too small)
Site:
http://www.bloodshotrecords.com/artists/detroitcobras/

Essa banda, como o nome indica, natural de Detroit (terra do visceral MC5 e do singular White Stripes), foi formada em 1995. Fazem parte do grupo o guitarrista Steve Shaw, a também guitarrista Maribel Restrepo, Jeff Meyer no baixo, Damian Lang na bateria. Além disso a banda conta com dois diferenciais: o primeiro é a ex-açougueira e dançarina Rachel Nagy nos vocais, ora suaves ora sacanas; e o segundo é o fato da banda não produzir material próprio. Os quatro cds lançados (sendo que o último, “Tied and True”, acabou de sair) são recheados com o melhor da influência blueseira dos anos 50 e 60, como por exemplo Otis Redding e Willie Dixon (a versão da banda para “Insane Asylum”, de Willie Dixon, é de rasgar a razão) + punk + rockabilly. Contudo, o Detroit Cobras não deve ser visto apenas como uma banda de covers, mas sim como uma reinventora de canções consagradas. É como se a banda engolisse a música, na seqüência a digerisse, derramando sobre ela os mais originais sucos gástricos do rock, e a vomitasse, despejando alguma coisa que possui a mesma origem da que foi engolida, mas com um aspecto bem diferente (sei que a metáfora não foi das melhores, mas acho que deu para entender). Rock and Roll sem frescuras, excelente para se ouvir no volume lá no alto e encher o saco dos vizinhos, caso, óbvio, eles não gostem de Rock. Ao invés de um clipe, como de costume, fiquem como uma oriental dançando, toscamente, diga-se, ao som de “Ya! Ya! Ya!", canção do ep “Seven Easy Pieces”, de 2004.


sábado, 14 de abril de 2007


01 - The Vampire Sound Inc. - The Lions and the Cucumber
02 - Marilyn Manson - The KKK Took My Baby Away
03 - Massive Attack - Future Proof
04 - Starsailor - Fever
05 - Placebo - Protect Me From What I Aant
06 - Stereolab - Golden Ball
07 - System of Down - Highway Song
08 - Jon Spencer Blues Explosion - Calvin
09 - Jeff Buckley - New Year's Prayer
10 - Queens Of The Stone Age - Song For The Dead
11 - Gorillaz - Latin Simone
12 - Snuff - I Will Survive
13 - Soundtrack of Our Lives - Four Ages (Part II)
14 - Interpol - Say Hello to the Angels
15 - Doves-Firesuite

sexta-feira, 13 de abril de 2007


Cantor: Moby
Canção: Lift Me Up
Site:
http://www.moby.com

Moby (Richard Melville Hall) nasceu em Nova Iorque, em 1965, e seu apelido veio devido ao seu parentesco, ainda que distante, com Herman Melvile, autor de Moby Dick. Tendo experimentado várias vertentes musicais, desde o erudito, passando pelo Reggae, Hardcore e Punk, Moby se consagrou realmente como DJ, o que lhe rendeu a condição de um dos maiores representantes da música eletrônica mundial. Embora só tenha estourado com o cd "Play", de 1999, que vendeu cerca de 10 milhões de cópias, antes disso já havia gravado 6 cds tão bons quantos esse, como por exemplo "Animal Rights", de 1996, para mim, o melhor dele até hoje, ao lado de "18" e do último "Hotel". Se quiserem começar a explorar o som do cara, comecem por esses três ou podem seguir a coletânea humildemente sugerida abaixo por esse que lhes escreve. Dizer que Moby faz música eletrônica é simplificar demais seu valor. Suas músicas são extremamente bem construídas, misturando batidas eletrônicas com a vitalidade do rock, estabelecendo um equilíbrio exato entre a parafernália eletrônica e os demais instrumentos. Passeando por seu arsenal musical, vocês encontrarão músicas alegres, tristes, dançantes, desencanadas, reflexivas etc etc etc. Vale uma conferida com a calma devida. Segue abaixo uma sugestão de coletânea para a sua diversão!


Banda: Antony and The Johnsons
Canção: The Lake
Site:
http://www.antonyandthejohnsons.com

Embora em um primeiro momento possa soar estranha, aos poucos, essa sonoridade te pega pela emoção e quando você percebe está ouvindo pela enésima vez as canções desse grupo nova-iorquino, que é conduzido por Antony (os Johnsons na verdade são um guitarrista, um baixista, dois violonistas e um violoncelista que oferecem, de forma extremamente competente, a base para as viagens sonoras da Antony), um sujeito que é pura androginia e que canta com uma voz que parece não ser desse planeta, voz essa desenvolvida durante as cerimônias católicas do colégio que estudou. Depois de muito peregrinar, aportou em Nova Iorque, e, em 2000, criou o grupo, gravando um disco em 2002. O segundo disco, gravado ano passado, "I Am A Bird Now", é uma obra-prima daquelas para ser consumida aos poucos, em doses homeopáticas. Mas não se preocupem, já que a overdose será o caminho natural. Quanto ao som, eles fazem canções tristes, melancólica, íntimas, puras e belas, tudo isso à base de uma musicalidade extremamente elaborada. Apenas para se ter uma idéia: Lou Reed chorou quando o ouviu cantar pela primeira vez. Não percam de forma alguma.E. T.: A música indicada não faz parte de nenhum dos dois cds, mas sim de um ep, homônimo, de 2004.
Banda: Blonde Redhead
Canção: U.F.O.
Site:
http://www.brh.free.fr/blonderedhead.htm

A banda, originalmente um quarteto, foi formada, em 1993, em Nova York, pelos estudantes de arte japonesa Kazu Makino, Maki Takahashi e os italianos Simone e Amedeo Pace. Quem se atentou para o som do grupo foi o baterista do Sonic Youth, Steve Shelley que produziu e lançou pelo seu selo, o Smells Like Records, o primeiro álbum do grupo, em 1995. Com a saída de Takahashi, o grupo, agora um trio, lançou mais cinco discos nos quais predomina, óbvio, uma influência do Sonic Youth, com dissonâncias, um ruído aqui e outro ali, algumas linhas bem melódicas e a guitarra como base de tudo. Uma coisa bacana é a alternância dos vocais, às vezes, entre Kazu e Amadeo o que oferece algumas surpresas durante as audições. Para conferir essa alternância vá em busca da música (I Am Taking Out My Eurotrash) I Still Get Rocks Off. De primeira!

Banda: Eskobar
Canção: Beautiful Day
Site:
http://www.eskobar.com/

Banda sueca, formada no final de 1996, em uma cidade próxima de Estocolmo, Åkersberga. Executando um som daqueles assobiáveis (ou grudentos, no bom sentido), a banda, seja pelo caminho da melancolia seja pelo caminho de um pop com mais energia, tem como norte a voz suave de Daniel Bellqvist, que dá uma “cara” para a banda. Até hoje foram apenas três cds gravados, “´Til We´re Dead”, de 2000, “There´s Only Now”, de 2002 e “A Thousand Last Chances”, de 2004, que devem ser ouvidos de cabo a rabo.